QUARENTA e três toneladas de produtos diversos constituídos por alimentares, de higiene e peças de vestuário foram entregues no passado dia 24 de Fevereiro corrente ao governo do Malawi em solidariedade com as vitimas das cheias do rio Chire entre moçambicanos e malawianos acomodados em 3 centros nomeadamente de Nsanje/sede, Nhamithuthu e Bangula, no distrito de Nsanje, na República do Malawi.O apoio solidário foi entregue ao governo do Malawi, por uma delegação do Instituto Nacional de Gestão de Desastres encabeçada pela respectiva presidente Luísa Meque que na altura apelou para uma melhor transparência no manuseamento dos artigos durante o processo de distribuição aos beneficiários.Disse ainda que as quantidades deixadas pelo governo de Moçambique nesta primeira fase não vão satisfazer a demanda dos necessitados uma vez que na sua maioria perderam os seus pertences arrastados pelas águas do rio Chire como consequência da depressão Ana que assolou os dois países em finais de Janeiro.‘’Temos ainda grandes desafios para minimizar o sofrimento das vitimas porque a maioria abandou suas zonas de origem sem conseguirem retirar seus bens. Precisamos de desdobrar esforços para encontrarmos tendas o mais breve possível para acomodar as pessoas que estão ao relento sobretudo nesta época chuvosa’’- disse Luísa Meque.A presidente do INGD de Moçambique congratulou os esforços empreendidos pelo governo malawiano na criação de condições mínimas para o acolhimento das cerca de 2500 pessoas refugiadas sendo na sua maioria das localidades ribeirinhas do rio Chire no distrito de Morrumbala na província central da Zambézia.‘’As pessoas estão acomodadas em extremas condições de vida pelo que os dois governos de Moçambique e do Malawi, respectivamente, devem conjugar esforços para o mais brevemente possível encontra parcerias para aquisição de mantimentos e tendas para atender a população vitima das cheias’’- apelou Luísa Meque. Falando aos deslocados, a presidente do INGD apelou para uma melhor organização lançando um alerta as lideranças dos grupos dos deslocados para a manutenção de uma organização efectiva para evitar oportunistas que pode se infiltrar para se beneficiarem do pouco apoio logístico que os dois governos estão a todo custo prestar aos afectados.O governo do Malawi, representado pelo administrador do distrito de Nsanje, Medson Matchaya, agradeceu o gesto do governo de Moçambique na disponibilização atempada de apoio logístico as cerca de 191 mil pessoas das quais 2500 moçambicanas.‘’Este apoio chegou no momento oportuno e vai aliviar nesta primeira a carência de comida e outros bens essenciais as famílias moçambicanas e malawianos que foram assoladas pelas cheias do rio Chire que divide Malawi de Moçambique. A nossa amizade de cooperação é de longa data pelo que este tipo de iniciativas deve serem contínuas sempre há sofrimentos do povo de ambos lados’’- teceu Medson Matchaya.Acrescentou que as autoridades governamentais do Malawi saberão valorizar este apoio significativo as vitimas das cheias aplicando todos os meios para uma transparência na distribuição dos bens aos afectados e necessitados.De salientar que as famílias moçambicanas que vivem em várias comunidades concretamente Lampião, Megaza, Armando todos do povoado de Chiromo ribeirinhas da margem esquerda do rio Chire, que separa os dois países através dos distritos de Morrumbala em Moçambique e Nsanje do lado do Malawi.As saídas para o vizinho Malawi começaram em massa na segunda quinzena de Janeiro último altura em que as águas das chuvas resultantes da depressão Ana começaram elevaram os níveis de caudal daquele curso de água doce e consequentemente o alagamento das áreas produtivas e residenciais.Como as águas teimosamente aproximavam as casas, as famílias começaram a rumar para o distrito de Nsanje por ser o mais próximo à procura de acomodação e isto apartir do dia 12 de Janeiro de 2022 quando o primeiro grupo composto por cerca de 50 pessoas escalou a sede distrital de Nsanje provenientes de Morrumbala, na Zambézia. Dias consecutivas o grupo se avolumava o que levou ao Governo do Malawi a recorrer os anteriores espaços de refugiados da guerra dos 16 anos para albergar as pessoas em pequenas palhotas de pau a pique e cobertas de capim e providenciar os apoios.O grupo de repente cresceu juntamente com a população malawiana afectada pelas inundações ou cheias do rio Chire na margem directa, nas comunidades de Nyamithuthu, Gumbedza e Bangula.‘’Eu e o meu marido juntamente com quatro filhos saímos a correr e chegamos aqui no dia 12 de Janeiro e fomos recebido pelas estruturas politicas e administrativas dos bairros de Nsanje, aqui no Malawi. Conseguimos retirar muitas pouca coisa apenas o essencial porque a água estava a chegar com muita corrente e corríamos o risco de sermos arrastados e entramos na canôa e conseguimos atravessar para este lado do Malawi onde sempre nos refugiamos quando há casos semelhantes ou outras de outros factores por ser mais próximo para o primeiro socorro’’- disse Maria Sumate, natural de Chiromo, distrito de Morrumbala.Contou que as águas e com ventos fortes fustigaram a região no período compreendido entre 10 à 30 de Janeiro passado e a maioria da população que vive à ribeirinha do rio Chire na margem que pertence Moçambique refugiou-se ao Malawi.Nsanje, distrito do Malawi, foi um locais que durante o conflito armado entre o governo da Frelimo e a Renamo acolheu moçambicanos provenientes dos distritos de Morrumbala, na província de Zambézia, Mutarara e Dôa distritos ao sul da província de Tete.Alguns moçambicanos destes distritos durante os 16 anos acabaram por se instalar e residir definitivamente naquele país vizinho praticando as suas actividades agrícolas nas ilhas e nas zonas baixas do rio Chire, razão principal que leva a população de Morrumbala que vive nas proximidades do rio Chire se refugiarem algumas localidades do distrito vizinho de Nsanje no Malawi aguardando que as águas baixem do caudal e consequentemente retornem ao seu leito normal para o regresso à proveniência nas zonas de origem.Actualmente estão acomodadas em 3 centros sendo a maioria nos antigos armazéns completamente destruídos dos Caminhos de Ferro do Malawi uma vez que o comboio já não circula há décadas desde da paralisação do ramal ferroviário Malawi Raylue que ligava Malawi/Moçambique através da linha férrea de Sena ao Porto da Beira.Estão apenas em pé os pilares de ferro que asseguram as asnas de suportam o tecto e as respectivas chapas ainda intactas enquanto que as chapas em volta foram completamente vandalizadas e retiradas por aproveitadores ou malfeitores.De salientar que a população refugiada quer por parte de Moçambique e do Malawi ainda vai se manter nos centros de acolhimento de transição por alguns meses uma vez que as áreas residenciais ainda se encontram com as casas submersas uma vez que o caudal do rio Chire ainda continua com níveis alto.
Bernardo Carlos jornal Noticias